Capítulo 9 - Só um adolescente

    Dash ficou animado com o combinado do tio, então passou a pegar dicas de interpretação na internet e treinar em frente ao espelho do banheiro. Imitava expressões de filmes e entre outras coisas.

    Ás vezes Lavínea vinha ainda visitar Soo-ji. As duas sempre tinham bons assuntos para conversar.

    - A Talia tem péssimas notas na escola! - Reclamava Lavínea - Como consegue fazer Dash estudar?

Soo-ji riu se lembrando dos últimos desentendimentos:

     - Não é fácil amiga, eu penei muito com o Dash, a sorte é que  ele entende rápido as matérias.

Enquanto isso, Dash precisou ir na casa da garota mais patricinha da escola, Carmem, que era irmã de James. 

- E então, vamos acabar logo com esse trabalho? - Perguntou Dash assim que foi atendido.

- Que mau educado... - Reclamou Carmem - Também não tô feliz de fazer o trabalho com você. Só espero no mínimo um dez, minhas notas são impecáveis. 

James estava lá, mas por sorte parecia que não ia incomodar dessa vez. 

- Vigia bem as coisas da casa... - Disse James a irmã para implicar.

     Ela o levou para o andar de cima, onde puderam se sentar para fazer a maquete do trabalho. Dash deu suas ideias e Carmem também. Por incrível que parecesse, o trabalho foi fluindo bem. 

    - Ual, esses detalhes estão ficando legais... - Elogiou ela - Eu não esperava quase nada de você, mas agora dá pra ver que tem algum talento... 

   - Quase nada?! - Repetiu Dash e brincou em seguida - Então se era quase, é porque me dava ao menos um pouco de crédito. 

   Carmen sorriu frente a bobeira do garoto e notou que não era mentira quando as garotas da escola diziam que Dash era charmosinho. No começo o achava feio, magro, despojado demais, mas agora, ele parecia bem bonitinho com seus olhinhos puxados, e era bem diferente dos outros garotos da escola, tinha um estilo próprio. 

      - Não sei porque seu irmão fica no meu pé... - Comentou Dash. 

      - Ah, na escola tem uma hierarquia, ele é o rei  - Explicou ela - E ele só está defendendo esse posto. 

       - Que bobagem - Respondeu Dash - As pessoas deviam ser livres para seguirem o que querem. 

          - Não é tão simples assim...  - Respondeu Carmen - Mas você tem razão...

         - Seus pais te pressionam pra ser algo também? - Pergunto Dash.

          - É... É algo assim...

     Depois de terminarem, os dois estavam certos que ganhariam uma ótima nota. Mas também estavam exaustos. Para uma patricinha, Dash achava que ela até que se empenhava bastante.  

   Em casa, Zero perguntou ao filho como tinha sido o trabalho em grupo. Sabia que seria com uma patricinha metida, porque o filho tinha reclamado disso a manhã inteira antes de sair. Só que ficou surpreendido quando Dash sorriu e respondeu:

     - Ah, até que foi legal. Ela até que foi boazinha.

     Dash chegou exausto e depois de comer, nem trocou de roupa para ir dormir. Soo-ji entrou no quarto e parou para ver seu menino que era tão descuidado. Apesar de algumas rebeldias, Dash não era um mal filho e Soo-ji sabia que ele se esforçava. No fundo, ele era só um adolescente. 

Talvez estivesse exigindo demais dele, mas não queria que ele ficasse sem opções se não conseguisse seguir o seu sonho. Também não queria que o seu bebê fosse magoado pela fama, ou por qualquer outra coisa.